Silêncio luar fantasia
Pensar à deriva sabor
Ténue sonolência magia
Caricias corpos calor
Toque arrepio sensação
Crescente sinal prazer
Quimica reagente emoção
Mente devaneio enlouquecer
Cume limite elevar
Estremece fogo vulcão
Seres enlaces levitar
Uníssono chegar erupção
Ofegantes colados sentir
Substancia inunda pulsar
Suavidade pele reluzir
Cúmplice troca olhar
Caricias corpos sabor
Ténue sonolencia fantasia
Pensar à deriva calor
Silêncio luar magia
Editado por Barão Van Blogh .
Lento atravessa o largo da feira
A custo arrasta a perna manca
As botas rotas cobertas de poeira
Rosto moreno farta cabeleira branca
Às costas uma velha caixa transporta
Carregado em esforço e na expressão
A saca de sarja o ombro suporta
vagaroso segue caminho de cajado na mão
A velha amoreira é o seu destino
E a sombra fresca da sua imponência
No banco de pedra que conhece desde menino
Descança o curvo corpo sua excelência
Ao pregão dos comerciantes tendeiros
O povo atraído vai-se chegando
Em algazarra reclamam os regateiros
Um justo preço vão negociando
O velho aproveita a clientela
E apruma-se por detrás do realejo
Subtil move a gasta manivela
No rolo as figuras desfilam em cortejo
A música soa em notas afinadas
O chapéu vazio aguarda no chão
O som deixa as gentes enfeitiçadas
No tilintar vai juntando para o pão
Editado por Barão Van Blogh .
Envolve a luminosidade
Ténue os sentidos desperta
Chama profunda de intensidade
O louco odor da paixão liberta
Recôndito refúgio aconchegado
Arde lenta subtil sugestiva
Brilha no escuro e incentiva
O momento tão desejado
As palavras sussurradas
Embaladas em puro prazer
Entre as sombras descaradas
Que a suave luz deixa ver
Lamparina Vela Candeia
Luzente brilho dos amantes
Companheira de tantos instantes
Sumida a noite clareia
Une no iluminar os desejos
O dócil roçar em sofreguidão
Sabor a mel nos delicados beijos
Guardiã dos segredos da paixão
Editado por Barão Van Blogh .
Imagino teu corpo à beira mar
Nas rochas da falésia esculpido
A insistente erosão sábia a moldar
Pelas ondas delicadamente polido
Batem e salpicam em carícias
Gotas que cobrem de frescura
De transe quase há loucura
Nos arrepios que fazem delicias
Imagino em escultura morena
Bronzeada ao sol de Verão
Figura sensual e serena
Alquimia no sonho da ilusão
Negros cabelos soltos agitados
Pela brisa em suave afagar
Tons de negrume de enfeitiçar
Pela minha alma na escarpa pintados
Imagino a bruma à tua frente
Branca que se estende sedosa
Lençol de seda envolvente
Alva brancura fina preciosa
Leito desfeito enrugado
As ondas o fazem parecer
Momentos de louco prazer
Se esculpido estivesse a teu lado
Editado por Barão Van Blogh .
Entra pela barra em mar chão
A deslizar suave o sorrateiro
Envolve silencioso namoradeiro
Num dócil roçar de paixão
Arrasta o fresco da maresia
Sente-se o cheiro no ar inalado
Conta-nos histórias em poesia
Deita-se na lezíria cansado
Sonha com o seu esplendor
A doce ninfa sua sereia
Que encanta a bater na areia
Vem acordar o seu amor
Juntos embarcam na velha falua
Ouve-se o suave navegar
Deixam-nos o feitiço da lua
Que no seu brilho nos vem beijar
Editado por Barão Van Blogh .
Escutem com atenção o ritmo do compasso
Longinqua sonoridade que soa suavemente
Gradual elevação da mente no espaço
Pelos dedos que deslizam nas teclas lentamente
Dedilham frágeis parecem mortos de cansaço
Em tumultuoso esforço se movem aparentemente
Esmorecido de dor ecoa em pesar o sofrimento
Em cada tecla premida o som de um lamento
Guardados na gasta pauta os velhos gemidos
Um a um de tristeza no escuro se fazem ouvir
Os dedos arrastam-se em dolorosos ais sumidos
A clave enrolasse sem alma para reagir
Subito silêncio surgem deles constragidos
Atormentados ao universo bradam a pedir
Uni-vos estrelas em ala na negra vastidão
Unam-se em arpões de fogo rasgando a imensidão
Fundem-se em erupção no firmamento a ecoar
Os dedos cravados nas teclas com violência
Nas cordas esticadas os martelos a castigar
Som repentino arrancado sem clemência
Movimentos endiabrados no teclado sem parar
Aumentam o compasso com extrema evidência
Ao som ensurdecedor o piano estremece
Estrondo clarão cai o pano e desaparece
Editado por Barão Van Blogh .
Vem dá-me a tua mão
Vamos os dois juntos passear
Apreciar a doce sensação
Da areia fina ao caminhar
Degustar a fresquidão
Ao sentir a brisa do mar
Ver as ondas na praia a morrer
Ao soar do seu suave bater
Vem comigo meu amor
Nem que seja só neste momento
Ver o pôr do Sol na sua cor
Rubra de sentimento
Na água do mar sem pudor
Nu mergulhar tão lento
Ver no horizonte o sumir
deste astro Rei a partir
Vem ver a Lua envergonhada
Tímida junto das estrelas surgir
Iluminar teu rosto minha amada
Revelar teus lábios a sorrir
Sentires-te por ela enfeitiçada
Mostrar teus olhos a luzir
Na tua silhueta o alvo brilhar
Contornos de luz que me farão sonhar
Editado por Barão Van Blogh .
Montanhas vales e oceanos percorri
Já não suporto a angustia deste viver
Regresso de longe para te ter
Não posso continuar mais sem ti
Consome-me de dor a solidão
Mata-me a crueldade da distância
A tristeza ecoa no meu coração
Castigado severamente por esta ânsia
É aqui contigo que quero estar
Porque te amo mais que à vida
Minha alma enferma consumida
Insistente clama pelo teu beijar
Quero-me aquecer no teu calor
No acordar pela manhã ser o primeiro
Saborear o doce gosto do teu sabor
Perfumar-me com o odor do teu cheiro
Quero-te meu amor perdidamente
Desejo teu corpo sensual aveludado
Sentir-me na tua pele colado
Loucos amarmo-nos intensamente
Em volúpia de paixão e prazer
Voar inconstante como as andorinhas
Quero em ti sentir-me a morrer
No teu ventre germinar sementes minhas .
Editado por Barão Van Blogh .
Pequenas poças de tinta na paleta deixadas
De cores estranhas de diferente brilhar
Aguardam serenas frescas separadas
Que o sábio pincel as venha buscar
Na branca tela em traços realçadas
A mão engenhosa do mestre as irá colocar
Enfeitiçantes estas cores irão fazer
Uma imagem encantada na tela aparecer
Mergulha na tinta o pincel tonto de loucura
Surgem as figuras no centro da tela
O feitiço da tinta dá vida à pintura
Nos traços graciosos que o mestre pincela
Uma fina e transparente nuvem de água pura
Um pássaro de fuligem do pincel cai
De asas abertas inesperado livre vai
Voa pássaro negro luzente deliciado
Na fina nuvem branca em levitação
Asas de fogo rasgam em voo picado
As partículas de água em suspensão
Rodopia veloz o seu corpo delicado
Traça no espaço um rasto de clarão
Em anel de fogo que contorna a imagem
Pintada na tela a vertiginosa viagem
Editado por Barão Van Blogh .
Suave brisa das madrugadas
Que arrasta a alva neblina
Doce odor das pétalas molhadas
Em fragrância na água cristalina
Gotículas salpicam-na maravilhadas
O sensual corpo de mulher menina
Seu divino reflexo nas gotas matinais
Iluminado por raios de luz magistrais
Sensualidade beijada suavemente
O requintado afagar na macieza
São mornas carícias do sol nascente
Que vem deleitar-se na sua pureza
Brilham de encanto na manhã reluzente
As curvas perfeitas da sua beleza
Dóceis contornos esculpidos a cinzel
Que reflectem a frescura da sua pele
Nas gotas de água a espelhar
O formoso corpo na envolvência
Do exaltante perfume a emanar
Odor que provoca eloquência
Na fresca manhã a cintilar
A fugaz luz da sua existência
Soberba a feminina visão
Imagem que embebeda o coração
Editado por Barão Van Blogh .